Acompanhe nossas dicas para fazer desabrochar seu talento poético.
1. Sobre o que você quer falar?
Um bom assunto é aquele que está mexendo com você ultimamente. Pode ser qualquer coisa, qualquer sentimento. Poesia é uma forma de comunicação. Pode ser romântica, engraçada, de amizade... Você manda!
2. Soltando as palavras
Pegue um papel e vá anotando várias palavras que tenham a ver com o assunto. Tente achar rimas para elas. Não precisa pensar muito. Brinque de rabiscar palavras. Quanto mais, melhor. Depois você escolhe as preferidas.
3. A primeira frase
Você não precisa acertar logo de cara. É justamente a vontade de acertar de primeira que “emperra” o pensamento. Você é livre para escrever e apagar o que quiser, mudar tudo de lugar... Solte o verbo! Não tenha medo...
4. Como rimar?
Existem vários jeitos de combinar rimas. Podemos, por exemplo, numa poesia de quatro linhas (A, B, C, D), rimar:
A com B e C com D (primeira com segunda e terceira com quarta), ou
A com C e B com D (primeira com terceira e segunda com quarta), ou
Apenas B com D (segunda com quarta linha).
Veja este exemplo:
EU QUERO UM MUNDO MELHOR,
UM MUNDO MAIS “SIM” DO QUE “NÃO”.
SERÁ QUE É TÃO COMPLICADO
VER O OUTRO COMO IRMÃO?
(Evelyn Heine)
O truque para deixar mais legal uma poesia é procurar palavras de tipos diferentes para rimar. “Irmão” é um SUBSTANTIVO e “não” é um ADVÉRBIO. (Viu como é bom saber Português?)
Não precisa ser na poesia inteira, mas, se conseguir, ótimo.
Veja como ficaria mais pobre deste outro jeito:
EU QUERO UM MUNDO MELHOR,
UM MUNDO COM MAIS UNIÃO.
SERÁ QUE É TÃO COMPLICADO
VER O OUTRO COMO IRMÃO?
(Evelyn Heine)
Reparou? "União" (SUBSTANTIVO) com "Irmão" (SUBSTANTIVO) não dá o mesmo efeito, não é?
Além disso, inventar novos papéis para as palavras enriquece sua poesia. Um “mundo sim” serve de exemplo porque transformamos o “sim” (ADVÉRBIO) em adjetivo.
OUTRA!
Vamos tentar, agora, uma poesia mais curtinha, só de três linhas, rimando A com C (primeira com terceira).
MEU CORAÇÃO ARDE... AI, AI!
TUDO CHOVE SÓ PORQUE
ELE ME DISSE UM BYE!
(Evelyn Heine)
Primeiro tive a ideia de rimar “AI” (onomatopeia de dor) com a palavra em inglês “BYE” (que se pronuncia “bai”). Não é legal?
Então... fui imaginando o que combinaria com “AI”.
Pensei na dor de uma paixão não correspondida.
Depois inventei a última linha (Ele me disse bye = foi embora) e ficou faltando a do meio.
Dei um jeito de ligar as duas com a que faltava.
Primeiro imaginei “isso tudo só porque”... mas aí veio uma frase mais forte – “hoje chove só porque”... – e outra melhor ainda (mais sentimento!): "TUDO chove só porque".
Viu só? A gente vai mudando até gostar do conjunto! Você precisa ficar contente com sua obra!
E ATENÇÃO!
Chover é um verbo que não tem sujeito. Por isso mesmo “tudo chove” causa impacto.
É impossível que as coisas chovam! Mas isso exprime a tristeza da situação. Por isso a poesia emociona mais do que dizer apenas: “estou triste porque ele não gosta de mim”.